sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PATERNIDADE

Daqui poucos dias, estaremos comemorando “o dia dos pais” – segundo domingo do mês de agosto. Nos dias que antecedem essa data, os filhos ficam ansiosos para demonstrar seus sentimentos por meio de presentes ou outras formas.



Mas, na verdade, poderia ser um dia para reflexões dos pais, para analisarmos como estamos conduzindo essa missão tão importante, que terá conseqüências nas vidas de gerações e gerações.



Um dia desses li algo que me deixou pensativo sobre as conseqüências das atitudes, decisões e comportamentos dos pais em relação à vida dos filhos e aos demais descendentes. Não sei mais quem escreveu o artigo, que era mais ou menos assim:

Um velho índio americano deu um conselho, antes de despedir, a um conhecido, que talvez nunca mais se encontrariam:

“Sempre antes de tomar uma decisão importante – criticar alguém, julgar, mudar-se para outras terras, condenar um homem, escolher um campo para semear, declarar uma guerra – meus antepassados pensavam: como isto irá afetar a quinta geração de nossos descendentes?” Desta maneira, suas atitudes eram plenas de responsabilidade.

Faça a mesma coisa: a vida de cada pessoa tem conseqüências que se prolongam por muito tempo, e todos nós precisamos saber que mundo estamos criando para até a quinta geração.”

Que sabedoria! Nos tempos atuais observamos todos nós em busca de sucessos- pessoais, profissionais, poder, status e riqueza materiais. Não que isso seja um pecado ou errado, é que essa busca não deveria ser a prioridade, mas sim a espiritualidade, o conhecimento de si próprio e das leis do Universo.

Lembro, também, de outro caso de Sabedoria. Um filho, com a idade em torno de 15 anos, desejava sair da roça no interior do Estado de Minas Gerais para ir morar na cidade, com desejo de trabalhar e estudar. Ao pedir ao pai, este não lhe autorizou. Ao lhe perguntarem por ele não ia assim mesmo, sem autorização do pai, ele respondeu que não poderia ir sem a bênção do seu genitor, pois assim não teria sucesso. Mais tarde o pai o abençoou. Hoje, é um grande empresário brasileiro. Quando é perguntado sobre o seu sucesso, a resposta é: a sabedoria, o amor e a bênção do meu pai. Então, a decisão do pai em abençoar na época adequada, e a paciência do filho em esperar a benção – essas decisões influenciaram positivamente as vidas de muitas gerações, não só da família, mas também de muitas outras famílias.

Por esses exemplos, notamos a importância da paternidade atenta. Os espiritualistas afirmam que nós – filhos – escolhemos nossos pais antes de chegarmos aqui neste mundo, e que também não é fácil encontrarmos almas/espíritos dispostos a concordarem com o planejamento que esses eventuais filhos os propõem. Assim, têm almas/espíritos que aguardam até 700 anos ingressar nesta escola chamada terra. Considerada importantíssima para nossa evolução, é onde podemos aprender a manifestar a compreensão, adoção e principalmente o amor. E uma das formas é sendo pais.

Às vezes ouvimos alguns pais dizerem que filhos dão muitas despesas e que sacrificaram a vida por causa deles. Essas afirmações são as mais injustas e desprovidas de qualquer consciência espiritual. Acredito que cada filho quando vem a esse mundo atrás consigo sua prosperidade – seus recursos- para que os pais possam lhes manter com alimentação, vestimenta, estudo, moradia e etc. Penso que as bênçãos que as famílias recebem não são por causa dos pais e sim por causa dos filhos. E sobre os sacrifícios desses pais, imagino não serem verdadeiros, pois no momento que foram “convidados” por aquela alma para serem pais e aceitaram, é porque também terão benefícios espirituais com o aprendizado da paternidade. Parece-me pouca consciência da responsabilidade que assumiram. Podemos chamar essa responsabilidade de contrato espiritual entre pais e filhos. Pois foram os dois que aceitaram utilizando-se do livre arbítrio.

Quando nossos filhos são pequenos e ainda não manifestaram totalmente suas características de personalidade, seus gostos, suas buscas e suas vontades, nos avaliamos como pais bons, excelentes e dedicados. Mas, à medida em que eles vão crescendo e manifestando essas características e não mais controlamos suas vontades, não aceitam mais colocarmos neles a roupa que achávamos linda, não aceitam o corte de cabelo que para os pais era da moda, não querem mais participar de círculo de amizade da família. Aí passamos julgar que fizemos de tudo, e o filho não tem gratidão e ficou revoltado.

Na verdade, acredito simplesmente eles estão procurando sua identidade, pois é uma fase de descobertas, de incertezas, medo e principalmente de incompreensão por parte do mundo. Mas tudo passa. Nesse período, nós pais, podemos tentar buscar conhecimento, por meio da literatura e profissionais, sobre essa fase do ser humano, e lembrar que também passamos por ela, e não é fácil para ninguém. A verdadeira receita pode ser paciência, demonstrar amor, compreensão, procurar ficar perto sem invadir seu espaço. Então o que foi respeitado, elogiado, amado, e a cumplicidade do dia-a-dia nas fases anteriores contarão para tudo voltar a normalidade no seu devido tempo.

Então, assim acho que podemos avaliar que fizemos um esforço para cumprir algumas cláusulas do contrato espiritual que assumimos com os filhos antes de vir para cá. Assim podemos receber o abraço e o presente dos filhos, consciente de que estamos tentando, pois os colocamos sempre como prioridade, mesmo depois de adultos. E que nossas decisões, atitudes e comportamentos irão perpetuar nas gerações seguintes. Nas histórias, nos comportamentos, nos sonhos, nas personalidades e principalmente no amor aos antepassados por deixar um legado de respeito, espiritualidade e amor.

Feliz dia dos pais.