quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DO SEU PAI

"Seu filho precisa de mais que somente boas escolas"
                                                       Roberto Shinyashiki
O primeiro texto que postei no blog SOMOS TODOS APRENDIZES teve como tema o dia dos pais de 2010.  Agora estamos novamente próximo ao dia dos pais.

No decorrer destes três anos muitos de nós, filhos e filhas, passamos a compreender melhor nossos pais, ficamos mais experientes, mais maduros e menos egoístas.   
Por muito tempo, foram destinados para os pais papéis de menor participação na vida dos filhos, sendo este primordialmente um provedor familiar. As tarefas de cuidados e educação dos filhos foram atribuídas às mães, tarefas que terminam por favorecer a cumplicidade, envolvimento, afetividade e companheirismo. Por questões culturais, acredita-se que somente a mulher tem essa capacidade. Foi assim que todos nós aprendemos.
Atualmente alguma coisa mudou, mas ainda acredito que seja pouco para se permitir uma participação masculina de forma mais abrangente na vida dos filhos.
Muitas mães e/ou responsáveis por diversas circunstancias – falta de conhecimento, egoísmo, vingança, imaturidade e controle – impedem, dificultam e terminam retirando dos filhos e filhas o Direito Divino de se conectarem aos seus pais.  
Existem constatações de casos de mães que se tornam ou se consideram "proprietárias” dos filhos exigindo ou limitando a vivência de seus rebentos  maior parte do tempo dentro de sua esfera de atuação, por se sentirem mais capacitadas e por entender que a natureza deu-lhe mais poder sobre eles.
Compreendo que a natureza exige nos primeiros meses de vida dos filhos uma atuação bem maior da mãe. No entanto, essa atuação sem a participação do homem como esposo e pai torna-se mais complexa e difícil.
Porém os filhos vão crescendo demandando novas necessidades, novas orientações e exigindo outras formas de se relacionar. Sente que somente aquela forma que vem da mãe já não é mais o suficiente para seguir adiante com a vida.
Essa mesma natureza projetou o homem e a mulher de forma diferenciada. Não somente biologicamente e emocionalmente, mas também de energeticamente. Sim, somos seres energéticos, assim como tudo na natureza. A formação de tudo que existe no Universo é composta por pólo positivo e o negativo. Um complementa o outro para existir.
E o mesmo principio se dá dentro das estruturas da concepção humana, formação conjugal, relacionamentos familiares – pai, mãe e filhos e outros.  
A mãe tem a energia de doar, acolher, amparar e envolver, necessárias ao ser humano principalmente nos primeiros anos de vida e no decorrer da vida em eventos que necessitamos recorrer a esse tipo de energia para que possamos seguir.


Já os pais são possuidores da energia que leva aos filhos o “movimento para fora”. Os preparam para os desafios da vida, para os relacionamentos fora do âmbito familiar, para enfrentar os obstáculos da vida, imprimir segurança, confiança, e força para conquistas e sonhos.

Como se vê, um complementa o outro. Isso dá equilíbrio e suavidade à vida.
Quando os filhos e filhas por algum motivo ou responsabilidade de uns dos pais ficam em desequilíbrio com essas duas energias – positivo e o negativo –  excesso ou carência de uma das duas apresentam sentimentos de vazio, fraqueza, tristeza e incapacidade para ir adiante com a vida.
Percebe-se atualmente a existência de muitos filhos e filhas carentes e/ou em desequilíbrio com a energia paterna – positiva.
Como exemplo, há muitas situações de separações conjugais, núcleo onde a mulher é “chefe” da família e se torna dominadora, onde o esposo e/ou pai se omite, onde existem mães controladoras e pais submissos. Nessas situações os filhos crescem e vivem em ambiente onde os papeis dos pais estão fora da Ordem Sistêmica Familiar acarretando desequilíbrio a vida dos filhos.
Família dentro desse contexto é comum os filhos ficarem “infláveis” – peitos inchados de arrogância - inquietos, barulhentos, irresponsáveis, desrespeitosos, tristes, fracos e incapazes para realizar seus sonhos e projetos de vida.
Quando mães com sua sabedoria e com amor no estagio elevado vê no filho e/ou na filha as qualidades existentes no pai e expressa sua admiração, os filhos se sentem seguros, alegres e confiantes. Eles têm consciência que sua formação é composta de metade da mãe e outra metade do pai.
Para os filhos, se a mãe não aceita, não admira ou não respeita o seu pai, então logicamente esses mesmos sentimentos se estendem a eles.
Ouvimos mulheres, por raiva, decepção, vingança ou imaturidade, acusarem seus ex-maridos ou ex-companheiros de pessoas ruins, maus e sem caráter para seus filhos. Relacionando de forma equivocada a figura do ex-companheiro e ex-esposo com o papel de pai, que na verdade são papeis bem distintos.
As conseqüências na vida desses filhos ou filhas são desastrosas. É um mal tão grande que além de causar danos aos filhos se estende para as gerações seguintes.
Como se vê, os pais exercem um papel tão importante quanto o das mães na vida dos filhos. A função dos pais está em criar esse “movimento para fora”.  Sair do ambiente sob domínio exclusivo da mãe para o mundo externo.
Com esse movimento do pai, os filhos e filhas ficam fortes, corajosos, seguros, equilibrados e felizes com a vida e com mundo.
Recebendo a energia da mamãe e do papai. Assim, em equilíbrio, tudo fica mais leve.
Feliz dia do PAPAI. Ele te ama tanto quanto a sua mamãe!

sexta-feira, 1 de março de 2013

OS AVÓS E O DESTINO DA VIDA DOS NETOS

"...O inicio foi o amor de meus pais, como homem e mulher. Eles foram atraídos um pelo outro por um forte instinto, por algo poderoso que atuou por atras deles. Contemplo essa força que os uniu e me curvo diante dela. Contemplo como meus pais se uniram e como resultei de sua união, com gratidão e amor."
Bert Hellinger


Quando algumas pessoas me perguntam como estou me sentindo sendo avô, respondo que ainda tenho algumas dúvidas e me sinto meio “perdido” sobre qual é o verdadeiro e o correto papel dos avós. Essa resposta surpreende muitas pessoas. Algumas chegam esboçar um sorriso irônico, sem entender o porquê das minhas dúvidas.

Um dia desses,eu estava com nosso neto Pedro, de cinco meses, filho da nossa filha e do nosso genro, aguardando ela voltar de um compromisso, quando um rapaz  aparentando uns 30 anos de idade se aproximou perguntando se era meu neto. Sim, respondi. Ele me disse: “Tenho muito mais liberdade com meu avô do que com meu pai. Sempre fiquei mais com meu avô. Avô é muito legal!”. E se foi com um sorriso e olhos brilhantes de emoção.

Senti nas palavras dele algum ressentimento ou mágoa com relação ao pai. Aquele jovem deve ter recebido muito amor do avô. Isso é bom. No entanto, no meu entendimento, aparentemente o avô não exerceu o papel mais importante na vida desse jovem, que é promover a conexão do filho com o pai, vendo no filho (no neto) a vida e força do pai. Lembrando a existência do pai na alma dele, de forma que quando esse jovem se lembrasse do pai sentiria essa força, e a admiração pelo avô viria através do pai. Ele se sentiria forte, corajoso e leve para a vida.

Nesse momento olhei para o Pedro, meu neto, aquele nenezinho nos meus braços, com toda a confiança, segurança e suavidade nos olhos, aquele ser inocente olhando pra mim. E pensei que não podia fazer o mesmo que aquele avô fez com o neto. Mesmo existindo todo amor que sinto por ele. Teria que usar esse amor com sabedoria.

Pensei: Não posso tirar-lhe o direito de receber a força, a admiração e a coragem de que necessita para seguir a vida. Essa força e energia gigantescas vêm de muitas gerações de antepassados, mas só chega aos filhos através dos pais, e de mais ninguém.

Quando alguém, mesmo os avôs, interrompe esse fluxo, excluindo, minimizando, desvalorizando ou tomando para si o papel os pais ou de um deles, para os filhos isso é muito pesado e angustiante. A vida fica pesada, eles sofrem muito com essa falta.

Filhos assim, cheios do amor dos avôs, mas sem a conexão com os pais, ficam incompletos, sem forças, não tem onde se segurar nos momentos que a vida exigir coragem e determinação.

Tenho a oportunidade e a bênção de poder participar quase todos os dias da semana da vida da nossa filha e o nosso neto. Mas sempre no foco de que sou o avô, simplesmente o avô e afirmo em palavras que ele tem a mamãe e o papai, que são pessoas boas, responsáveis e estão procurado fazer o melhor, e que ele pode ficar tranqüilo e confiar nos pais.

Logo em seguida a essas palavras afirmo que ele é um bebê corajoso, forte abençoado e que tudo na vida dele vai ser bom, pois ele tem excelentes pais e que ele também faz parte da nossa família e isso nos alegra muito. Mas que ele deve seguir os pais dele, essa é a missão dele, juntamente com os pais.

Acho que é essa minha responsabilidade como avô. Lembrando-o da existência de seus pais e que ele pode confiar, sentir-se seguro e alegre, pois aqueles são os melhores e os pais certos para ele. Nenhum outro seria melhor.

Este foi a primeira lição que aprendi pra ser avô. Estou me esforçando para aprender mais. Assim, quando chegarem outros netos e/ou netas espero está mais preparado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

REVERÊNCIAS AS MULHERES DAS GERAÇÕES PASSADAS

" O maior bem que existe é, naturalmente, a vida. ...recebemos da mãe a vida na sua totalidade. Nenhuma mãe pode subtrair de seu filho algo que a vida lhe deu, e nenhuma mãe pode acrescentar algo a essa vida." 

Bert Hellinger




Participei de um Workshop que dentre os temas abordados foi sobre a “A nossa Criança Interior”. 

Por ser a maioria dos participantes serem mulheres e também pelo histórico da caminhada do gênero feminino fiquei mais envolvido em observar o desenrolar das buscas e das angustias que essas mulheres carregam em suas almas.

Nos mais diversos ambientes - no trabalho, nas escolas, nas universidades, família e diversos outros - encontramos mulheres de todas as idades, classe social, nível de escolaridade buscando todos os dias “provar” que tem capacidade e competência para executar, planejar e decidir sobre os mais variados temas e assuntos da vida, em igualdade com os homens. É uma luta constante!

As mulheres vêm conquistando melhores postos no mercado de trabalho, participação na política, em cargos públicos, gerenciando pessoas em grandes empresas, na vida social e em muitos outros ambientes.

Concordo que apesar destas conquistas, ainda hoje existem muitas a serem buscadas para que efetivamente possa existir o equilíbrio e igualdade entre os gêneros.

Então, por que nos consultórios de psicólogos, psicoterapeutas e outras terapias de autoconhecimento existem muitas mulheres buscando se livrar de suas angustias e tristezas nas almas, aparentemente por sentirem injustiçadas pela condição de terem nascidas com gênero feminino?

Nessas terapias,terminam por perceberem que as verdadeiras causas desses sentimentos não têm ligação direta com conquistas, mas na falta da conexão harmoniosa com o passado e o destino da vida dos pais, em especial com a mãe.

Inicialmente a maioria nega veementemente a existência de algum sentimento que avalia ser vergonhoso de se ter em relação à mãeTalvez seja um dos motivos da dificuldade de muitos de nós não procurarmos ajuda por não reconhecer nossas emoções, sejam elas quais forem. E carregá-las indefinidamente em nossa alma é sentenciar sofrimentos de tristezas e angustias no coração.

Mas no decorrer do processo terapêutico o coração vai se abrindo e descortinando emoções “guardadas” nos mais escondidos cantos da alma. Sentimentos desconhecidos do consciente, mas secretamente ancorados nos cantos mais escuros do subconsciente.

Descobre-se que inconscientemente carregam consigo criticas, julgamento, rejeição, magoa e ressentimentos em relação às atitudes, relacionamento conjugal  e decisões da mãe sobre a vida, postura diante dos homens da família e outras.

Devido a esses sentimentos – mesmo que registrados no subterrâneo da mente - quando iniciam sua vida adulta consciente ou inconscientemente decidem por não repetir as decisões, as atitudes e o comportamento da mãe. Ou seja:“Serei melhor que meus pais. Serei uma mulher diferente e melhor que minha mãe e todas as mulheres da família”. 

Iniciam a vida profissional focada em ser melhor, conquistar o sucesso, ser “independente” financeiramente e livre do “domínio” masculino. Sempre no foco de ser diferente e melhor que as mulheres das gerações anteriores.

Também iniciam a formação da família com a decisão: “O meu relacionamento com o marido não será igual ao da minha mãe”. “Não serei dominada por homem nenhum como foram às mulheres da família”

Já na educação dos filhos é onde há, por muitas mulheres, percepção de mais “erros” cometidos pelos pais. Tem a idéia fixa de fazer tudo diferente. Ser uma mãe melhor que todas as mulheres da família. Cria em suas mentes uma batalha constante em ser melhores em todas as áreas da vida humana. Uma verdadeira luta mental.

Como foram as vidas as mulheres das gerações passadas? As nossas tataravós, bisavós, avós e mães viveram épocas difíceis, de submissão, discriminação, limitadas em seus sonhos, rejeitadas, sem muitas realizações pessoais e a maioria delas aprisionadas em seus lares. Viveram em gerações em que o entendimento sobre a verdade e os valores era outro, sem o reconhecimento do papel feminino na família, na sociedade e como ser humano.

Essas mulheres, ainda que com a oposição de muitos - maridos, pais e da sociedade - pensando no futuro de suas descendentes desafiaram as regras, normas e as verdades de suas épocas e silenciosamente e com sabedoria começaram uma revolução dentro de seus lares para que as mulheres das gerações futuras pudessem levar uma vida mais leve.

Mesmo enfrentando as situações dolorosas na família, maltratadas, rejeitadas e humilhadas marcaram seus rostos, suas mãos e seus corpos, trabalharam dia e noite como domesticas, nas suas cozinhas, nas roças e nos quintais para que suas filhas pudessem estudar, sonhar, ter profissão e conquistar uma vida melhor.

Acredito que fizeram com determinação, persistência, dedicação, coragem e sabedoria. Não sentiram a necessidade de tirarem suas roupas e irem as ruas protestar por direitos. Trabalharam silenciosamente num ambiente restrito com sabedoria e amor.   

Nas ultimas décadas a educação e formação das meninas dentro da família, nas escolas, universidades, na sociedade no geral sofreram mudanças significativas. Estão mais livres para buscar o melhor caminho para felicidade e realização pessoal.

Atribuímos essas conquistas à sabedoria, coragem, determinação, persistência e ao amor das mulheres das gerações passadas a suas descendentes. Foi o melhor que elas puderam fazer considerando todas as limitações, regras, medos, condições e o ambiente de cada época.

Acredito que essas mulheres nos ensinaram muito sobre humildade, sabedoria, amor, sonhos e persistência.  Agora cabe as gerações seguintes continuar esse trabalho iniciado no passado com coração livre de magoas, ressentimentos e revoltas.

O que elas fizeram foi por amor e dentro dos limites e conhecimento que tinham. Todos nós – homens e mulheres – deveríamos ter sabedoria para compreender esses ensinamentos deixados e seguir adiante com gratidão.

Devemos nos curvar diante de cada uma dessas mulheres e com profundo sentimento de respeito e gratidão reverenciá-las. E para honrá-las e homenageá-las, as descendentes deveriam seguir adiante sendo e fazendo o melhor como pessoas em todas as áreas da vida. Porém absolvendo os ensinamentos positivos deixados com o sentimento de gratidão, admiração e reverência. 



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A MÃE E A CONEXÃO DOS FILHOS COM PAI!



Grande parte dos textos postados aqui no blog é sobre o papel dos pais e as conseqüências na vida dos filhos. 

Mas no texto de hoje quero comentar sobre os filhos que tem comportamentos e atitudes inconseqüentes e de onde vem esse comportamento.

Esse assunto vem atender pedidos de alguns filhos, leitores do Blog SOMOS TODOS APRENDIZES, por entenderem que existem filhos injustos e ingratos com seus pais, mesmo estes genitores fazendo o melhor.

Numa conversa com um pai sobre os textos postados aqui no blog, ele lamentou sobre a conduta do filho. Disse-me: “Meu filho não me respeita e também em muitas circunstâncias não respeita outras pessoas. E mãe sempre está defendendo-o e fazendo tudo o que ele quer, do jeito dele”.

A situação descrita por esse pai não é exclusiva. "Observamos" em todas as gerações a existência de alguns jovens com comportamentos inconseqüentes, arrogantes, sem discernimento e mal educados.  Isso constitui falta de ética, de educação, de respeito e de espiritualidade. A causa dessa formação vem de dentro da família.

Jovens adultos com comportamento desrespeitosos com os próprios pais, agressivos no transito, mal educados com vizinhos, que ligam som alto não se importando com direito de terceiros, estacionam seus carros em qualquer lugar atrapalhando e dificultando o transito dos demais, quando convidados em um evento social levam consigo convidados seus sem consultar o anfitrião, entre outros exemplos. Esses comportamentos e atitudes podemos atribuir a pessoas inconseqüentes, sem discernimento, egoístas e arrogantes.

Por que então muitos outros jovens são pessoas equilibradas, educadas, suaves, tranqüilas, carismáticas e bem recebidas sempre aonde vão, diferente dos mencionados no parágrafo anterior?

Imagino que tudo começa nas atitudes dos pais, precisamente na relação com a mãe. Para os terapeutas, grande parte das pessoas tem uma ligação com a mãe que está perturbada. A mãe tem uma missão grandiosa e importantíssima na vida dos filhos que é fazer a conexão dos filhos com o pai. Somente a mãe tem esse poder, ninguém mais pode criar essa conexão do filho com o pai.

Como a mãe faz essa conexão? No livro “Um lugar para os Excluídos” o autor Bert Hellinger ensina: “A mãe ama no filho o pai. Demonstrando ao filho que ela se alegra se o filho se tornar igual ao pai, o filho sente: Ela se alegra se eu me aproximo do meu pai. 
Isso abre caminho para o filho, e ele ganha uma força especial. Antes de tudo, ama a sua mãe muito mais do que antes”.

Existem, neste caso, dois tipos de mãe: O primeiro é aquela que prioriza a vida dos filhos em detrimento a vida do casal. Para esse tipo de mãe as escolhas, as vontades e exigências dos filhos têm precedência em relação à vida dos pais. Na conduta dessa mãe a hierarquia da família está em desordem, invertida. Os filhos são colocados no topo da estrutura da família. Os pais ficam “subordinados” as ordens e exigências dos filhos.

Filhos formados nesse ambiente geralmente crescem arrogantes, exigentes, inconseqüentes, egoístas, manipuladores, controladores, exigem sempre mais, sentem-se maiores e com mais poderes que o pai e desrespeitam a mãe. São na maioria das vezes pessoas inseguras, fracas, indecisas e pior ainda, prejudiciais a sociedade.

Em muitos casos de desarmonia conjugal e separações de casais a família se encontra no formato desse tipo de estrutura: desordem e inversão da hierarquia. 

O segundo tipo de mãe é aquela que tem definido em sua alma e coração a estrutura familiar de acordo com as leis naturais.  Onde o casal tem precedência e prioridade e logo após vem os filhos. Os pais são colocados por essa sábia mãe no topo da hierarquia familiar. A mãe não está a serviço exclusivo dos filhos, não pará tudo e vai atender as vontades e exigências deles deixando em segundo plano a si e o pai.

Filhos que crescem neste cenário aprendem os limites estabelecidos dentro da família e na sociedade, são humildes, seguros, suaves, tranqüilos, tem gratidão a suas origens, vivem em gratidão com a vida e o mundo, respeitam as “autoridades”, vivem em paz consigo e com a vida.

A mãe tem a energia da criação. O pai a energia que representa transformação e força. Ele no papel de genitor estabelece limites, delineia as diretrizes da educação, forma o caráter e outros atributos necessários aos filhos para seguir com a vida mais leve. Já a mãe é responsável por incutir e interiorizar essas diretrizes na mente e na alma dos filhos.

Filhos sem essa conexão crescem faltando uma parte de si – a parte que vem da energia masculina, uma influencia positiva e equilibrada com a da energia da mãe.

As conseqüências na vida dos jovens adultos sem o papel da mãe de conectar seus filhos à energia do pai são pessoas sem objetivos claros na vida, começam projetos e sonhos e não terminam nenhum, os relacionamentos são de má qualidade, sem coragem para enfrentar os desafios da vida, querem sempre receber mais e mais da mãe. As meninas têm dificuldade em dizer não nos relacionamentos prejudiciais a sua vida, nunca se sentem preenchidos com que recebem dos pais e da vida. Sempre estão sentindo vazio no coração e na alma.

Essa conexão feita pela mãe ao pai é a chave de tudo. A partir daí o modelo dessa relação vai para os outros relacionamentos da vida, de forma mais tranqüila, mais leve, harmoniosa, respeitosa e mais espiritualizada.


Nota: Pai e mãe que me refiro aqui não somente os biológicos, mas qualquer pessoa responsável pela formação- como avô, tio, padrasto, avó, tia e outras.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SEU FILHO PODE ESTAR PROCURANDO AJUDA!



"A presença de filhos em nossa vida é um mistério muito belo que somente será desvendado por aqueles que tiverem a coragem e a sabedoria de ir além das simples regras da educação"
                                                                                       Roberto Shinyashiki


Depois de algum tempo sem postar no Blog SOMOS TODOS APRENDIZES estou de volta.

Nesse período estive envolvido com algumas questões que me trouxeram experiências, aprendizados e conhecimento sobre relacionamentos, família e espiritualidade.  

Pretendo partilhar com os leitores no decorrer das postagens de novos textos aqui no blog.

Deste que postei o texto “Pais Controladores” tenho recebido e-mails de leitores pedindo pra eu escrever mais sobre esse assunto. Em especial um garoto com idade em torno de quatorze anos e aparentando “desespero”. Afirma que não quer ficar no futuro um adulto como o descrito no texto.

Este adolescente tem a preocupação de ser um adulto seguro, equilibrado, respeitado e admirado pelos pais e pelo mundo. Um jovem que já carrega em sua alma ansiedade quanto ao seu futuro em relação aos seus pais. Uma grande pena!

Esse jovem adolescente tem uma alma boa. Busca conhecimentos e uma forma de entender as atitudes e o comportamento dos seus pais e visualiza um futuro brilhante para si.     

Existem alguns pais e mães que por suas carências, suas limitações e seus medos adquiridos na infância ou mesmos recebidos pela hereditariedade terminam por “matar” a vida dos filhos. Sim,“matar”.

Pais inseguros, carentes, imaturos e fracos geram sofrimentos no coração dos filhos, contribuindo para uma vida adulta difícil e insegura que termina estendendo-se a gerações seguintes.

Às vezes presenciamos pais e mães de crianças pequenas com atitudes desrespeitosas aos sentimentos e emoções dos seus pequenos no propósito de “educar”. Estes pais colocam seus filhos em situações de vergonha, vexame, humilhação e inferioridade diante das pessoas. 

Acredito que a partir da adolescência até a fase adulta todos esses ressentimentos e magoas vão brotar como sentimentos de revolta, insegurança, medo e tristeza na alma desses filhos. Uma pena que esses pais não tenham consciência disto.

Os pais são responsáveis por criar um ambiente mais leve para o desenvolvimento, aprendizado e evolução dos filhos.

Com o propósito de se libertar de suas limitações, os pais devem buscar o autoconhecimento com objetivo de minimizar os sofrimentos e tristezas na alma dos filhos e amarguras na própria vida.   

Filhos com pais controladores e desrespeitosos são geralmente impedidos de realizar, descobrir, experimentar e conquistar desafios na fase da vida em que estão mais ansiosos para aprender e descobrir seus limites.

Os pais devem transmitir confiança e respeito aos filhos para que eles possam experimentar e aprender em cada fase da vida a descobrir o mundo e saber como ele funciona.

Os filhos precisam da confiança e respeitos dos pais. Quando estes confiam em seus filhos, demonstram dando liberdade, confiança e respeito.O que vale em qualquer idade.

Quando os filhos sentem que os pais confiam neles, desenvolvem autoconfiança, responsabilidade, segurança, senso do certo e do errado, bem e do mal e o mais gratificante: a alegria diante da vida. 

Atitude assim cria uma conexão com os filhos.  Eles têm a alegria de compartilhar situações, vivencias e experiências de sua vida com pais.

Do outro lado, quando não existem confiança e respeito dos pais pelos filhos demonstrados desde que estes são crianças, podem crescer tristes, frustrados, deprimidos e até mesmo revoltados com os pais e com a vida.

Ha situações que os pais se vêem diante de circunstancias em que devem decidir em permitir ou não algo que os filhos estão lhe pedindo.  Na maioria das vezes deixam a sabedoria e amor de lado e decidem com ego.

Ficam ligados aos seus próprios sentimentos, preocupações, ansiedades e medo. Considerando que é mais fácil, pratico e cômodo dizer não, proibir, gritar e encerrar o assunto com o filho. Desrespeitando-os como se neles não existissem sentimentos e emoções.

No futuro o “preço” apagar é muito alto para ambos. Esse filho que está no momento sob o poder e a autoridade dos pais um dia se tornará um jovem adulto e essas marcas, traumas e ressentimentos podem trazer complicações na relação com os seus genitores e com as pessoas.

Tive algumas experiências de aprendizado nesse sentido de grande importância com nossos filhos. 

Uma delas foi com nosso filho caçula, na época com dezesseis anos idade. Ele me chamou e disse que queria passar o carnaval em Porto Seguro com um casal de amigos dele. Imagine um adolescente com a aquela idade viajar no carnaval com um casal que eu nem conhecia ainda.  

Comecei a fazer minhas perguntas e questionamentos. Num determinado momento da conversar ele olhou nos meus olhos e disse: “Pai o medo é seu, não é meu. Você tem que controlar seu medo”. 

Naquele momento a vida dele e o nosso relacionamento poderiam tomar caminhos diferentes ia depender do que eu iria falar e da minha decisão.Pensei e decidi pela confiança e pela liberdade que ele estava buscando. Dai pra frente nasceu entre nós comprometimento, respeito e admiração. A vida dele seguiu para um caminho mais leve e de conquistas.

Numa outra situação a nossa filha queria mudar da nossa casa - ir morar com uma colega da universidade.  Aquilo me perturbava tanto, por eu não entender o porquê.

Um dia fomos conversar sobre esse desejo dela. Falei dos benefícios que ela tinha de morar conosco. Depois perguntei por que, e ela me disse com todas as letras: “Pai é meu sonho, sempre tive essa vontade”.

Naquele momento me vi diante de uma situação semelhante à anterior com nosso filho caçula. Deveria ter uma atitude que também demonstrasse confiança, respeito e o apoio para que ela pudesse realizar seu sonho.

Dependendo da minha atitude naquele momento poderia decretar na vida dela insegurança, falta de respeito e rejeição. Mas decidi mais uma vez pela confiança, apoio e compartilhar esse sonho. Deu certo.

Acredito que nos dois casos todos nós aprendemos, mas o aprendizado maior foi para vida deles.

É bom lembrar que dentro de cada um de nós existe uma Alma individualizada, única.
Cada filho tem um jeito especial e os pais devem respeitá-lo da maneira que é. Simplesmente amá-lo.  

Os filhos criados com respeito, afeto e amor são pessoas seguras, confiantes, dóceis e felizes.

Eles não são nossos. São pessoas individualizadas, almas únicas que estão aqui para seguir seu próprio caminho. Somos apenas companheiros viajando juntos por um breve tempo e aprendendo um com o outro.