quinta-feira, 17 de março de 2011

OS FILHOS NECESSITAM DO ENVOLVIMENTO DO PAI EM SUAS VIDAS!


Nas conversas que tenho com alguns jovens e adolescentes, um questionamento geralmente surge: “Por que meu pai não é tão legal como eu queria que ele fosse?” Observo que nas palavras e nos rostos desses jovens existe misto de tristeza e decepção com o pai e mesmo com a vida. Do outro lado, também alguns pais ressentem-se de os filhos não terem a liberdade e intimidade de se aproximarem deles.

Imagino que isso se deve a cultura imposta às famílias, na qual somente as mães são as responsáveis pela condução, criação, cuidados e educação dos filhos. Essa cultura não tem contribuído muito para a participação ativa do pai, restando a este, praticamente a responsabilidade pela provisão material, sem uma participação na formação afetiva e emocional dos seus filhos. 

Acredito que essa cultura teve origem no passado recente quando as religiões incutiram na mente da humanidade que a capacidade, o dever e habilidade de “criar”, “cuidar” e “educar” os filhos eram somente das mães. Acho que por vinculação e analogia a imagem que se adotou de Maria, Nossa Senhora, mãe de Jesus.

E ainda, somado a esse aspecto, mesmo que inconscientemente, existe certo sentimento, por parte das mães, de posse dos filhos. Uma forma de “propriedade psicológica” em relação ao filho, deixando de fora a participação do pai.  Tal propriedade se alimenta na mulher por alguns fatores que ocorrem durante a gravidez. 

Além das inúmeras transformações físicas e emocionais por que passam, as mulheres são constantemente lembradas de seu estado especial pelas reações das pessoas, pelas mudanças cada vez mais dramáticas que ocorrem no corpo, e finalmente pelo nascimento do bebê. Neste momento acontece fisicamente a responsabilidade de alimentar, cuidar e ter os primeiros contatos com aquele ser.

Durante esse processo a participação do pai é quase que nula, aumentando ainda mais o sentimento de “propriedade psicológica” da mãe sobre o filho.

Algumas mães com esse sentimento de “propriedade psicológica” mais aguçada não permite ao pai ser “PAI”. Adotam atitudes que impedem ou impossibilitam que o pai tenha uma aproximação e convivência harmoniosa e de intimidade com os filhos.

 Logicamente, esse comportamento por parte dessas mães, cria nos filhos sentimentos negativos em relação ao pai, assim como do pai em relação aos filhos.  Stephen Kanitz autor do livro: Família Acima de Tudo afirma que pela sua experiência no consultório, a ausência do pai é mais desastrosa na vida dos filhos que a ausência da mãe.

Penso que tais mães deveriam rever suas crenças e suas atitudes em benefício da felicidade de seus filhos e permitir que o pai se aproxime, conviva e participe da educação, dos cuidados e da formação emocional, psicológica e intelectual dos filhos.    

E a esse pai que conquistar essa “benção”, junto às mães, de poder participar ativamente na educação, criação e cuidados de seus filhos, que procure não decepcioná-las e que busque exercer sua missão de pai com docilidade, sabedoria, amor, bondade e em especial com espiritualidade.

 Posso dar meu testemunho. Fui abençoado pela minha esposa que permitiu eu exercer na plenitude a missão de Pai. Para mim umas das maiores felicidades e acredito que nossos filhos foram também agraciados. Procurei me preparar, focar e aprender todos os dias e em todas as situações.   Na verdade, essa atitude é a paternidade atenta.

Na paternidade atenta percebemos que, em família, vivemos dançando uns com outros uma dança de energia sempre em transformação, colocando nossas vibrações em frequências diferentes e interagindo com a energia do outro na forma de pensamentos, sentimentos e de suas expressões – verbais e não verbais – através de nossos corpos, nossas ações e nossas reações a acontecimentos e atos.

Pai e filhos vivem influenciando mutuamente suas energias. Nossa vida orbita no campo magnético do outro, física, emocional e psiquicamente, e estamos sempre interagindo uns com os outros e influenciando-nos mutuamente às vezes de maneira sutil e outras nem tanto, às vezes conscientemente, outras não.

Os filhos às vezes entram em estados de energia muito fortes que podem nos afetar de várias maneiras diferentes. Se pudermos perceber suas ressonâncias, podemos escolher nossos passos mais conscientes e entrar em sintonia com as suas necessidades. Assim estaremos mais próximos dos seus sentimentos e de desempenhar melhor o nosso papel como pais.      

Isso pode acontecer em níveis muito diferentes em cada família, mas às vezes nos passa despercebido e pode nos arrastar para lugares aonde não queremos ir, sem que saibamos como lá chegamos. Se não dermos conta, quando percebermos nossos filhos estarão tão distantes de nós e da família, sem referencia, sem aconchego, solitários e emocionalmente desamparados. 

Estar afinados com nossos filhos é perceber as mensagens que eles nos enviam, não só com palavras, mas também com cada aspecto do ser deles, e nos ajustar para ressonar em harmonia com eles.

Quando os filhos crescem, a afinação entre eles e o pai fica mais complicada. Estar em harmonia com filhos não significa que as coisas serão sempre harmoniosas. A afinação em momentos de grande desarmonia e conflito exige tudo de nós, cada grama de energia e sabedoria, para que, mesmo durante os atritos, tenhamos em vista quem realmente são nossos filhos e o que precisam de nós naquele momento. 

Os autores Myla e Jon Kabat do Livro: Nossos Filhos, Nossos Mestres descreve uma situação que ilustra claramente uma situação de afinação, mesmo que complicada: “A filha de 12 anos chega da escola e entra em casa com a cara feia. “Estou com fome”, reclama agressiva. Vejo imediatamente que a escola está lhe pesando. Ela está assoberbada. Passou o dia todo com outras pessoas. Está com baixa de açúcar no sangue. Está desfalecendo. Já prendi a ter alguma coisa pronta para ela comer quando chegar em casa. Também já aprendi a não lhe fazer perguntas, a lhe dar espaço. Essa não é a hora para criticar seu tom de voz nem lhe ensinar a ter bons modos. Depois de comer, ela costuma ficar mais simpática comigo, e vem me dar um abraço ou vai se enfurnar no quarto para ouvir música”. Esse exemplo, para mim, é uns dos mais sábios que conheço.  Ele muitas vezes me serviu de referência.

Acho importante a qualidade da nossa presença com filhos. É fundamental para a qualidade de nosso relacionamento com eles. A presença é atenção. Cultivá-la requer um esforço consciente e sustentado, uma vontade de ser autêntico, alerta e afinado. 

Quando somos autênticos com nossos filhos, somos genuínos. Não escondemos nem fingimos. Não discriminamos certos sentimentos em nós mesmos ou neles.


Acredito que para a felicidade dos filhos e da família, as mães devem permitir ao pai a participação  na condução, criação, educação dos filhos que resultará em um convívio harmonioso entre pai e filhos. Verá que os filhos se tornarão mais felizes, seguros, harmoniosos e terão uma vida de sucesso.  O pai saberá de sua responsabilidade grandiosa de proporcionar a todos felicidade, auto-estima, segurança, determinação, alegria e a espiritualidade.  Todos os filhos consciente ou inconscientemente esperam isso de seus pais.