sexta-feira, 1 de março de 2013

OS AVÓS E O DESTINO DA VIDA DOS NETOS

"...O inicio foi o amor de meus pais, como homem e mulher. Eles foram atraídos um pelo outro por um forte instinto, por algo poderoso que atuou por atras deles. Contemplo essa força que os uniu e me curvo diante dela. Contemplo como meus pais se uniram e como resultei de sua união, com gratidão e amor."
Bert Hellinger


Quando algumas pessoas me perguntam como estou me sentindo sendo avô, respondo que ainda tenho algumas dúvidas e me sinto meio “perdido” sobre qual é o verdadeiro e o correto papel dos avós. Essa resposta surpreende muitas pessoas. Algumas chegam esboçar um sorriso irônico, sem entender o porquê das minhas dúvidas.

Um dia desses,eu estava com nosso neto Pedro, de cinco meses, filho da nossa filha e do nosso genro, aguardando ela voltar de um compromisso, quando um rapaz  aparentando uns 30 anos de idade se aproximou perguntando se era meu neto. Sim, respondi. Ele me disse: “Tenho muito mais liberdade com meu avô do que com meu pai. Sempre fiquei mais com meu avô. Avô é muito legal!”. E se foi com um sorriso e olhos brilhantes de emoção.

Senti nas palavras dele algum ressentimento ou mágoa com relação ao pai. Aquele jovem deve ter recebido muito amor do avô. Isso é bom. No entanto, no meu entendimento, aparentemente o avô não exerceu o papel mais importante na vida desse jovem, que é promover a conexão do filho com o pai, vendo no filho (no neto) a vida e força do pai. Lembrando a existência do pai na alma dele, de forma que quando esse jovem se lembrasse do pai sentiria essa força, e a admiração pelo avô viria através do pai. Ele se sentiria forte, corajoso e leve para a vida.

Nesse momento olhei para o Pedro, meu neto, aquele nenezinho nos meus braços, com toda a confiança, segurança e suavidade nos olhos, aquele ser inocente olhando pra mim. E pensei que não podia fazer o mesmo que aquele avô fez com o neto. Mesmo existindo todo amor que sinto por ele. Teria que usar esse amor com sabedoria.

Pensei: Não posso tirar-lhe o direito de receber a força, a admiração e a coragem de que necessita para seguir a vida. Essa força e energia gigantescas vêm de muitas gerações de antepassados, mas só chega aos filhos através dos pais, e de mais ninguém.

Quando alguém, mesmo os avôs, interrompe esse fluxo, excluindo, minimizando, desvalorizando ou tomando para si o papel os pais ou de um deles, para os filhos isso é muito pesado e angustiante. A vida fica pesada, eles sofrem muito com essa falta.

Filhos assim, cheios do amor dos avôs, mas sem a conexão com os pais, ficam incompletos, sem forças, não tem onde se segurar nos momentos que a vida exigir coragem e determinação.

Tenho a oportunidade e a bênção de poder participar quase todos os dias da semana da vida da nossa filha e o nosso neto. Mas sempre no foco de que sou o avô, simplesmente o avô e afirmo em palavras que ele tem a mamãe e o papai, que são pessoas boas, responsáveis e estão procurado fazer o melhor, e que ele pode ficar tranqüilo e confiar nos pais.

Logo em seguida a essas palavras afirmo que ele é um bebê corajoso, forte abençoado e que tudo na vida dele vai ser bom, pois ele tem excelentes pais e que ele também faz parte da nossa família e isso nos alegra muito. Mas que ele deve seguir os pais dele, essa é a missão dele, juntamente com os pais.

Acho que é essa minha responsabilidade como avô. Lembrando-o da existência de seus pais e que ele pode confiar, sentir-se seguro e alegre, pois aqueles são os melhores e os pais certos para ele. Nenhum outro seria melhor.

Este foi a primeira lição que aprendi pra ser avô. Estou me esforçando para aprender mais. Assim, quando chegarem outros netos e/ou netas espero está mais preparado.