segunda-feira, 25 de julho de 2011

NO SEU RELACIONAMENTO VOCÊ CONVERSA ?



Dialogar com cônjuge ou companheiro(a). Como?

Esta é a pergunta que grande parte das pessoas envolvidas em alguma forma de relacionamento pessoal fazem.

Vivemos atualmente a era da comunicação. Comunicamos utilizando a tecnologia em todas as suas formas de aplicativos moveis e fixos. Uma verdadeira revolução tecnológica que trouxe grandes benefícios a humanidade.

No entanto, mesmo com tantas facilidades para nos comunicar ainda encontramos dificuldades para expressar nossos sentimentos e dúvidas na área dos nossos relacionamentos. 

Nas minhas observações e experiências percebi que em alguns relacionamentos inicialmente harmoniosos, com alegria, felicidade e entusiasmo, no decorrer do tempo as pessoas envolvidas vão se distanciando emocionalmente, vão deixando de emitir suas opiniões, vão deixando de comentarem seus sonhos, suas buscas, suas dúvidas, distanciam-se física e mentalmente, e vão deixando de serem companheiras. Vão se calando no corpo e na alma.

Presenciamos casais criticando e reclamando uns dos outros para terceiros – amigos comuns, familiares, colegas de trabalho, desconhecidos - das atitudes, dos comportamentos, das palavras, da postura,  considerando-se  verdadeiro injustiçado (a) e vítima do destino e/ou do relacionamento conjugal.

Alguns chegam, após anos de relacionamento, na “surdina” e no “segredo do coração e da mente”,a planejar e marcar a data em que o relacionamento terá fim. Sem, no entanto dar a outra parte o direito de saber de seu intento.
Podemos fazer uma pergunta: Para onde foi àquela amizade e admiração um pelo o outro?

Acredito que esse distanciamento tem como umas das causas o nosso Ego. Sim, o “Ego”. O nosso ego não nos permite ouvir os sentimentos, as causas da tristeza no coração do companheiro (a), suas dores, suas carências, e suas opiniões principalmente as relacionadas conosco.

Não aceitamos as conversas e os diálogos que tem a intenção em esclarecer dúvidas, interpretações distorcidas, essas circunstâncias nos levam a imaginar e acreditar que podem ser críticas às nossas carências, fraquezas, limitações e à nossa falta de capacidade de compreensão. 

Isso aumenta ainda mais a necessidade do diálogo, e essa possibilidade aterroriza muitos casais, que se fecham entrando num verdadeiro labirinto de solidão, tristeza, angustia e ressentimentos. Convivendo juntos fisicamente, no entanto distantes emocionalmente e mentalmente, e criam para o outro e para si sentimentos de culpa e revolta. Verdadeira solidão acompanhada.

Temos consciência de que trouxemos da infância, da nossa família e da vida muitas dores, decepções, angústias, rejeições, críticas e tristezas e temos medo de que elas sejam tocadas, comentadas ou mesmo insinuadas pelo (a) companheiro (a).  Tamanho é o nosso medo, que não nos conscientizamos que também o outro carrega os mesmos sentimentos e  medo.   

Mesmo tendo a consciência da importância e da necessidade do diálogo o “Ego” e o medo de expor nosso intimo e aceitar nossas falhas que contribuem para um relacionamento defeituoso preferimos-nos “retirar” e nos esconder no casulo do silencio e viver amargurado (a), criticando, lamentando o (a) companheiro (a) e vida.

Se com coragem, humildade e sabedoria nos dispusermos a ouvir, compreender e aceitar as “reclamações”, ansiedades e as tristezas do (a) companheiro (a), sem críticas e com respeito, podemos abrir um caminho para que também nós possamos expor nossos sentimentos. Parece que esquecemos também que temos as mesmas necessidades e precisamos dessa mesma compreensão.

A vida “compartilhada” é um caminho de aprendizado. É uma oportunidade espiritual para que tenhamos resultados evolutivos. Quando nos enrolamos em nosso “EGO” e no MEDO  perdemos as oportunidades de aprendizados, deixamos de ser livres – nos prendemos ao passado – deixamos de nos envolver com honestidade conosco e com os outros, criamos barreiras para a compreensão, para o amor. Deixamos para trás uma das oportunidades mais completas para evoluir. Todos perdemos.   

domingo, 24 de julho de 2011

AS RELIGIÕES E A ESPIRITUALIDADE


Li um artigo do Dr. Osvaldo Shimoda sobre preconceitos entre as religiões e seus seguidores que me fez pensar como a humanidade poderia ser feliz, se não existissem as lutas e a “concorrência” entre elas para que se tornem “proprietárias” da “Verdade” pregada pelos seus iniciadores - os grandes mestres.

O artigo do Dr. Shimoda nos faz refletir sobre a história da humanidade nessa área. Ele descreve que sempre em nome de Deus e da fé, as religiões praticaram atrocidades no mundo todo. 

Na inquisição, filósofos e cientistas como Giordano Bruno, Copérnico e Galileu Galilei, que se opuseram à visão geocêntrica, foram perseguidos pela Igreja Católica, que em defesa de seus dogmas, acusou-os de heresia ou bruxaria junto de inúmeras outras pessoas, muitas das quais foram queimadas na fogueira.

Por questões religiosas, nas guerras santas, travaram-se violentas e sangrentas batalhas, onde também inúmeras vidas foram ceifadas. Atualmente, os conflitos entre judeus, cristãos e muçulmanos, no Oriente Médio, ameaçam a Paz. Com freqüência, vemos nas manchetes de jornais e televisiva explosões de bombas em igrejas, mesquitas e sinagogas.

Ainda no campo religioso, vemos também o crescimento das Igrejas Evangélicas, cada uma interpretando a Bíblia do seu modo, e algumas dessas novas igrejas ajudando para crescente mercantilização da fé.

Apesar dos grandes avatares como Sidarta Gautama (Buda), Jesus, Krishna, Maomé e Moisés, entre outros, terem trazido grandes ensinamentos à humanidade, muitos de seus seguidores acabaram deturpando a proposta original desses mestres.

Todos esses grandes mestres pregaram o desprendimento, mas o que os seus seguidores fazem é cultivar o apego, a posse do que eles falaram. Daí é que surgem as guerras, as ofensas, as discussões infindáveis entre diferentes religiões e doutrinas e se estendem aos seus seguidores, numa fé cega e primitiva.

Imagino que todos os caminhos levam a Deus, mas muitos acham que o seu caminho é melhor do que o dos outros.

Acredito que se o homem seguisse a sua espiritualidade encontraria paz em seu coração e na alma, e estenderia ao próximo a harmonia, compreensão, e respeitaria a liberdade e a individualidade que existe em cada um.

Religião e espiritualidade são coisas distintas.  Existem inúmeras religiões, crenças e seitas espalhadas pelo mundo, enquanto a espiritualidade é apenas uma, e para entrar em contato com a realidade espiritual, não é necessariamente obrigatório freqüentar alguma religião.

As religiões são criações dos homens, são instituições com um conjunto de regras dogmáticas; muitas falam do pecado e da culpa, ameaçam, atemorizam, não indagam, não questionam, causam divisões, disputas, alimentam o ego, enquanto a espiritualidade convida o ser humano a prestar atenção à sua voz interior (intuição), a racionar, a questionar, a ver a vida de forma relativa e não absoluta sem aquela visão dualista do bem  e mal, como comumente muitas religiões fazem.

Além de todos esses benefícios, a espiritualidade traz também paz interior, é divina, sem regras, promove união, fortalece a confiança e a fé, transcende o ego e nos convida a expandir nossa consciência sobre a vida e Deus.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

ABANDONO EMOCIONAL DOS PAIS


Como os pais têm grandes responsabilidades pelos futuros resultados na vida dos seus filhos!

Perto de onde moro existe um bar que é freqüentado diariamente por vários senhores. Logo no inicio da manhã eles vão chegando e permanecem durante todo o dia até o final da tarde, hora que retornam às suas casas. 

Essa cena e o comportamento desses senhores, de um tempo para cá, vinha me deixando intrigado. Por causa disso resolvi tirar uns minutos sempre que tivesse oportunidade para conversar com eles e saber um pouco sobre suas vidas.

Na primeira oportunidade cheguei, sentei e puxei assunto com alguns deles. Falaram-me sobre a amizade, o companheirismo, o local, atendimento do dono do bar e sobre a oportunidade de passar o tempo ali com os companheiros.   


Já na segunda vez com mais liberdade e após as brincadeiras costumeiras do ambiente, enquanto conversava com dois deles, os mais antigos frequentadores, chegamos ao assunto família – que era meu objetivo principal. Perguntei sobre suas esposas e filhos.

A resposta: aqui somos “largados”.  Segundo eles, suas esposas e filhos não querem saber deles. Eles têm suas vidas e as esposas e os filhos as suas.

Mais conversas e toquei sobre os seus relacionamentos com seus pais. Inicialmente elogios demasiadamente sem emoção.  Mais no decorrer da conversa ia emergindo de seus corações sentimento de solidão, rejeição, abandono, tristeza, tudo isso somado a magoas, ressentimentos, raiva e desesperança sobre a vida e o relacionamento que tiveram com os pais quando criança e na adolescência.

Pelas suas narrativas esses senhores foram rejeitados, abandonados emocionalmente, incompreendidos, desrespeitados, cobrados, criticados, atingidos em seus corações, torturados física e emocionalmente pelos seus pais.

Hoje esses senhores dizem que compreendem e entendem as atitudes e comportamentos de seus genitores. No entanto é possível perceber que as marcas já estão lá em suas almas e difíceis de serem arrancadas.

As conseqüências das atitudes e comportamentos no passado pelos os pais desses senhores podem vim atingir ou já atingem as gerações de descendentes. 


Podemos inferir que seus filhos também tenham sofrido ou ainda sofrem algum tipo de carência, rejeição, solidão, distanciamento, falta do carinho, falta do abraço, falta do companheirismo e falta da presença.  Se esses filhos de hoje não tiverem a capacidade, a força e determinação de superar essas carências, também irão passar para a sua próxima geração.   

Logicamente não podemos condenar, julgar e nem tão pouco criticar os pais desses senhores em ter tido atitudes e comportamentos que trouxeram todos esses sentimentos aos seus filhos. Imagino que deram o melhor que tinham e o que achavam que era o correto, na sua época.

E para esses senhores freqüentadores do bar - pais atuais -este é o meio encontrado por eles para aliviar a dor da carência, do abandono e os demais sentimentos negativos. O nosso sentimento deve ser de compaixão e compreensão por que também são vitimas de vitimas com já dissemos aqui nesse blog.

Na verdade não são os únicos. Se observarmos ao nosso redor encontraremos filhos e filhas de todas as idades em situações semelhantes, mesmo que seja em graus diferentes.  


Pessoas que seus pais não conseguem se aproximar, não conseguem pedir perdão, desculpas pelos seus mal entendidos, não conseguem conversar sobre algo que perturba o relacionamento, não conseguem abraçar o filho ou a filha quando vai fazer uma viagem, não conseguem abraçar o filho ou a filha quando vai dormir, não conseguem ficar sozinho com os filhos, não conseguem ter liberdade até mesmo de brincar com seus filhos e etc.

Conheço muitos pais que confessam ter vontade de abraçar seus filhos e filhas, adolescentes ou adultos, de demonstrarem carinho, de serem companheiros, de partilhar seus sentimentos, partilhar sua vida, conversar sobre suas duvidas e ter a liberdade de convidá-los a qualquer momento para saírem sem nenhum motivo a não ser para ficarem juntos. 

Mas sentem vergonha, sentem-se sem liberdade e sem iniciativa para fazê-lo. Uma verdadeira pena, acredito que ambos perdem.

Como conseqüências esses filhos e filhas vão procurar anestesiarem-se de todas essas carências em suas almas de alguma forma.

Acredito que eles - filhos e filhas - terão dificuldades de relacionamentos em seus empregos, na sociedade, em suas famílias e principalmente consigo mesmo.

Nós pais podemos demonstrar nosso amor de muitas formas a nossos filhos. Podemos ser companheiros, podemos perder a vergonha e a timidez para abraçá-los, beijá-los, podemos ter a mesma simplicidade no relacionamento de que quando eles eram crianças e sentir ternura e admiração, podemos ser fonte de coisas boas, não só coisas materiais, mas coisas do coração e da alma.

Assim, tenho certeza que os corações serão leves, confiantes, alegres, felizes e de bem com a vida e com o mundo. Com isso podemos encontrar bem menos senhores e jovens ancorados diariamente em “bares” consumindo doses de “anestésicos” para  para aliviar suas dores e tristezas na alma e no coração,  em vez de estarem amando e compartilhando suas vidas com seus familiares. Vivendo feliz.