quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O PORQUÊ DE HOMENAGEAR OS NOSSOS PAIS


Uma assídua visitante do Blog, em seus comentários, demonstrou que os artigos sobre relacionamentos entre pais e filhos deixam leitores reflexivos e os faz viajar em si mesmos, tentando entender, aceitar e mudar qualquer mal que esse tipo de relacionamento no passado possa ter causado.

Com o propósito de contribuir com esses filhos que, de alguma forma, se identificaram com os conteúdos dos artigos e despertaram sentimentos de rejeição, mágoas, ressentimentos, abandono e desprezos pelos seus pais, quero mostrar-lhes que podemos adotar medidas e atitudes para que possamos entender e compreender os “porquês” do comportamento, da omissão, da rejeição, do afastamento, da ausência, da discriminação e da violência psicológica por parte dos pais.

A mente humana tem a tendência de registrar e relembrar com ênfase dos acontecimentos, de nossa vida, que mais nos marcam de forma negativa.  Deixando à margem do nosso subconsciente os momentos positivos, como o amor que recebemos, os elogios, os abraços, os carinhos, os olhares de ternuras, admiração e as palavras de incentivos que nossos pais, no percurso da vida, nos brindaram, mesmo que de forma discreta e as vezes quase imperceptível. Mas, acredito que esses sentimentos estavam ancorados em seus corações e suas almas.

Podemos questionar por que então, eles, nossos pais, não demonstraram de forma explícita, esses sentimentos positivos. Ao contrário, os sentimentos negativos foram expostos, alardeados aos quatro ventos, somados às vezes à raiva. E ainda aqueles sutilmente omitidos, mas nem por isso deixaram de marcar nossas almas, como por exemplo, a omissão, a ausência, a impaciência, a falta de companheirismos e falta de respeito.

Todos nós somos formados pelas experiências que vivenciamos no decorrer de nossas vidas, e são elas que nos impulsam e nos orientam para nossos comportamentos e reações emocionais no futuro como pessoas e adultos. E não foram diferentes para nossos pais.

Para entendê-los, nós filhos, devemos procurar e buscar a origem - o gênesis - de onde vem a causa de muitas atitudes ou falta delas.

Podemos tomar a iniciativa de procurá-los com objetivo de saber como foi a vida dos pais deles - nossos avôs -, quais as crenças da época, quais as imposições religiosas, a cultura, as limitações materiais, quais eram os medos da geração, quais eram as buscas e sonhos dos nossos avôs e quais os sentimentos, impressões e ensinamentos que foram passados para nossos pais. Quais foram as marcas positivas e negativas que ficaram registradas em suas almas que influenciam suas vidas até os dias de hoje.

E ainda a existência, até os dias atuais, para alguns pais, da limitação de exercer a paternidade em sua plenitude, imposta pela cultura ou pela própria mãe, que impossibilitou a presença e participação na vida dos filhos. 

Com essas informações podemos nos colocar no lugar de nossos genitores, podemos avaliar seus sentimentos, suas angustias, seus medos, inseguranças, incertezas e muitas vezes, a solidão que sentiram numa época de muitas limitações culturais, intelectuais, materiais e emocionais, quando demonstrar os sentimentos de afeição, ternura e amor, era tido com fraqueza. Para que se demonstrassem fortes, não ensinaram demonstrar suas emoções.

Descobriremos que esses sentimentos, nossos pais trouxeram registrados e marcados em suas mentes e almas. Ainda, assim, acredito que muitos deles tentaram ser melhores, por amor aos seus filhos. Apenas não conseguiram. 

E esse formato foi transportado para a próxima geração, talvez um pouco mais elaborado. Mas, ainda insuficiente para trazer felicidade a todos.  

Questione: Como eles poderiam nos dar algo que não lhes foram dado?

Agora, nós filhos atuais, podemos recomeçar reconhecendo o direito dos nossos pais as suas limitações, seus medos, inseguranças, “ignorância” e a partir de agora aceita-los com seus erros e falhas do passado.

Podemos homenageá-los, compreendendo-os e aceitando-os como vencedores. Mesmo os filhos daqueles pais que já se encontram falecidos.  E ainda, nós, dessa geração, dando passos à frente procurando aprender com as histórias e as experiências dos nossos antepassados, melhorando como pessoa e alma, para que nossos descendentes tenham um caminho melhor. Não culpando ninguém seguiremos em frente sem culpados.