PARTE II
Depois que escrevi o
texto “PAIS CONTROLADORES E A VIDA DOS FILHOS”, recebi algumas manifestações de
filhos que se identificaram com o tema. Percebe-se que existem muitos jovens
adultos que sofrem com as exigências e cobranças de pais que querem controlar as
suas vidas.
Um deles, um jovem com
mais de 30 anos de idade, preocupado não somente com a própria situação, mais
também com de outros filhos em circunstâncias semelhantes, por e-mail me disse:
“... quero servir de exemplo pra outros filhos que estão passando
pelas mesmas dificuldades”.
Esse jovem descreve o
relacionamento com seu pai assim: “Meu pai é um homem bom, hora afetuoso e brincalhão, quando fazemos
o que lhe convém, é lógico. Porém controlador, bravo, com todas as
características do texto citado. (...) Já sofri muito e venho sofrendo com
isso, esse controle dele, o jeito de querer dizer de tudo até o que eu posso ou
não fazer...”.
Certamente, esse pai ama seu filho. No
entanto, os pais são pessoas normais com suas limitações, suas carências, seus
medos, suas angústias, suas inseguranças. E também tem vontades e sonhos, sejam
eles pessoais ou familiares.
Os sentimentos positivos e negativos em nossas
mentes (não diferente nos pais) quando fortemente enraizados em nossas almas,
definem o comportamento, as atitudes e a forma como vamos nos comportar e
relacionar diante das circunstancias, das pessoas, nas relações no trabalho,
com o mundo e principalmente dentro da família, onde os pais se sentem com o
“poder” sobre seus membros.
Pais que carregam sentimentos negativos em
suas mentes de maneira mais intensa, geralmente são pessoas que na infância
também sofreram algum tipo de carência, criticas, não aceitação, abandono
emocional, rejeição, julgamento e muitas vezes tiveram todos os dias que buscar
aceitação das pessoas do seu convívio. Em grande parte dos próprios pais. Como
podemos cobrar algo diferente dessas pessoas?
Para filhos de pais com esse perfil, sugiro
que busquem a compreensão, a compaixão e principalmente a gratidão por tudo que
eles fizeram pelas suas vidas. O autoconhecimento também é um caminho poderoso
para o entendimento da nossa capacidade como pessoa. Não é uma tarefa fácil,
mas possível.
Constam em todas as Escrituras Sagradas das
Grandes Religiões do mundo: “Honrar Pai e Mãe”, e também na Sutra Sagrada
Chuva de Néctar da Verdade da Seicho-no-ie : “ ... Dentre os teus irmãos,
os mais importantes são teus pais. Mesmo que agradeças a Deus, se não
consegues, porém, agradecer a teus pais, não estás em conformidade com a
vontade de Deus.”
Nas
palavras do filósofo Bert Hellinger, os pais entregam aos filhos a totalidade
do que possuem: A Vida. E os filhos a recebem na sua totalidade sem nada
excluir e sem nada acrescentar. Assim, aceitam a
totalidade da vida.
Isso é sublime. É
misterioso. É espiritual. É necessário para que os filhos possam seguir adiante
com felicidade, alegria e com as bênçãos dos pais e dos antepassados. Aceitando
aos pais e à vida como lhe foi dado.
O dever dos pais na
vida dos filhos é conquistá-los, desde a infância, com o exemplo de suas
atitudes, comportamentos, discernimentos, amor e sabedoria transmitindo-lhes confiança, respeito e
companheirismo.
Os pais devem
respeitar seus filhos como espíritos individuais, pessoas únicas, acreditar,
admirar e amá-los. Não amor de primeiro estágio – amor apego, mas com amor
sublime, acreditando que o filho tem capacidade e sabedoria para seguir
adiante.
Um dia os filhos
ficam adultos e muitas responsabilidades são apresentadas. Temos que tomar
decisões, fazer escolhas, seguir determinado caminho e também muitos formarão
suas famílias. É quando precisamos
partilhar.
Creio que as
exigências, controles e manipulações dos pais tem como conseqüência diminuir ou
minar a autonomia, soberania e o poder dos filhos adultos de decidirem suas
próprias vidas. Isso deve ser “combatido” decididamente, com sabedoria e
determinação para o bem e felicidade da vida do próprio filho.
Filhos de pais
controladores e dominadores que têm a consciência clara do que querem e buscam
criam estratégias para se livrarem ou amenizarem as conseqüências das atitudes
e ações dos genitores. Os que conseguem tornam-se pessoas fortes, livres,
corajosas, equilibradas e se realizam como seres humanos.
Os demais se perdem
nos “labirintos” da vida, sem forças para impor suas escolhas, suas crenças e
seus sonhos. Vivem como “satélites” a redor desses pais buscando a sua
aceitação e aprovação para tudo. Muitos, inconscientemente, se desfazem de suas
famílias, apagam seus sonhos e suas crenças para ter essa aceitação.
Transformam-se em pessoas fracas, lutando sem sucessos, tristes e assistindo a
vida passar. Verdadeiras “Almas Perdidas” em conseqüência dos caprichos de seus
pais controladores e egoístas. Uma pena!!