Os assuntos dos artigos anteriores - relacionamentos de pais e filhos - o objetivo principal era abrir discussões sobre uma maternidade e paternidade atenta aos sentimentos, buscas, emoções, respeito à individualidade e sonhos dos filhos. No entanto, na minha percepção, pelos comentários ou pela falta deles, acho que trouxe sentimentos de culpas, fracassos e arrependimentos, para alguns pais. Posso afirmar que o objetivo dos artigos não buscava despertar esses sentimentos negativos.
Diante da circunstância quero expor, para discussões, como nós pais podemos lidar com nossas eventuais falhas, erros e omissões nos relacionamentos com nossos filhos.
A vida é feita de relacionamentos. Temos relações com tudo o que nos cerca. E esses relacionamentos são grandemente influenciados pelos relacionamentos que tivemos quando criança, com nossos pais e os adultos que nos cercavam. Reagimos da mesma forma que reagiam conosco em termos positivos e negativos.
Não que nossos pais e os adultos que nos cercavam são culpados por isso. Eles agiam e se comportavam da forma que aprenderam nas suas vidas dos seus professores – os pais e da vida - e avaliavam como certos. Na verdade todos nós somos vítimas de vítimas. Eles, de forma alguma, poderiam nos ensinar algo que não sabiam.
Mas, também não podemos estagnar nossa vida no passado justificando ou culpando nossos pais. Mesmo por que acredito que eles fizeram o que sabiam e podiam, de acordo as circunstâncias e suas limitações da época. Acredito que se pudessem fariam de forma diferente para alcançar resultados melhores.
Nós, pais atuais, se erramos ou ainda não tínhamos despertado para os novos conceitos e a nova realidade, devido ao que aprendemos no passado com nossos pais, ainda há tempo para que possamos conquistar, acolher, abraçar, aconchegar, ser companheiro e amigo dos nossos filhos.
Podemos iniciar contando nossa historia, como foi a vida dos nossos avôs, nossos pais e a nossa. As buscas, as limitações, a cultura da época, a forma de educar a família, as limitações dos recursos materiais, a exigência da religião, as crenças, os costumes e etc. Fatores que influenciaram a formação do caráter e que terminaram por limitar as demonstrações de emoções, a sermos mais livres, mais exigentes com a gente e com eles.
Acredito que nossos filhos nos compreenderão e entenderão o porquê de muitas de nossas atitudes, comportamentos, omissões, medos, inseguranças e falta às vezes de demonstrar compreensão, tolerância, carinho, amor, e outras emoções em relação a eles, à família e à vida.
Acredito que assim podemos nos aproximar com mais honestidade e lealdade dos nossos filhos. Eles saberão que “o problema” não é a existência deles, que não é porque não os amamos. É por que temos um histórico, que vem dos nossos antepassados, e que cada geração está procurando aprimorar. Sentirão que também fazem parte desse processo que se iniciou há muitas gerações passadas.
Acho que se sentirão mais envolvidos, comprometidos, e buscarão compartilhar e colaborar conosco, avaliando que esse aprendizado será importante para ambos, pois definirá a vida dos seus descendentes. Assim, juntos, pais e filhos, trilharão um caminho de comprometimento, amizade, entendimento, respeito, admiração, amor e ternura. Cada qual no seu papel.
O resultado, acredito, será mães e pais mais aliviados, mais livres, alegres, e se realizando com a sua missão. E por outro lado filhos companheiros, responsáveis, comprometidos com a família, seguros e solidários com seus pais e as demais pessoas.
Não existindo culpas, não existirão culpados. E seremos todos livres.