quinta-feira, 14 de outubro de 2010

NOSSOS FILHOS SÃO “PETER PAN'S”? ( O Menino que não queria crescer)

Passei vários meses utilizando, para estudo, a biblioteca da Universidade de Brasília. Naquela época, tive a oportunidade de presenciar as conversas dos jovens alunos nos momentos dos intervalos. Chamava-me a atenção que grande parte dos comentários entre eles, eram sobre os pais.  As meninas faziam críticas calorosas as suas mães, por outro lado, os meninos aos seus pais.  Passei a questionar o porquê de eles passarem grande parte de seu tempo falando e/ou criticando os pais.

Esse comportamento deve ter suas causas lá na infância, ainda nos primeiros passos do relacionamento. Quando chega o bebê em nossa casa, criamos várias expectativas e sonhos. Juramos ter tal comportamento e relacionamento no percurso da vida com os filhos. Só que não lembramos ou não aceitamos que eles têm personalidade e natureza individualizada.

Vamos nos relacionando impondo a eles nossos gostos, nossos sonhos, nossas preferências, planejamos a vida deles quando ainda são crianças. Até a fase juvenil eles vão aceitando porque ainda acreditam que somos seus “heróis”. Mas como todos têm sua personalidade e natureza própria, vão a cada dia manifestando sua individualidade.

A percepção dos acontecimentos ao redor vai ficando mais clara. Começam a perceber que os pais também erram, têm suas fraquezas, seus medos, suas inseguranças e suas carências e, talvez, essas descobertas tragam algum tipo de decepção e revolta.

Os pais que até então controlavam, determinavam, mandavam sem se preocupar com os sentimentos ou as emoções internas dos filhos, começam achar que os filhos estão ficando rebeldes, desobedientes, desrespeitosos e às vezes sem controle.  

Essa fase deveria servir para os pais como a primeira para auto-avaliação sobre a sua condução, sua responsabilidade e sobre o resultado na formação do seu (a) filho (a) para a fase adulta.

Acredito que cada um dos pais tem um papel na formação dos filhos. Os pais têm papéis importantíssimos, que é de delinear, definir, ditar, mostrar e esboçar os princípios, tais como honestidade, responsabilidade, honradez, integridade, humildade e determinação. Por sua vez, as mães têm o papel, não menos importante, de interiorizar esses princípios na alma, no coração e na mente, para que façam parte do caráter dos seus pupilos. 

Mas, e quando isso não acontece? Quando os papéis são negligenciados por ambos ou por um dos pais? E quando um dos pais assume os dois papéis? Como serão os filhos adultos?

Segundo Dan Kiley, autor do Livro “Síndrome de Peter Pan”, os filhos educados, orientados e conduzidos com as deficiências nos papéis dos pais, principalmente os meninos, tendem a se refugiar na imaturidade. Nunca querem crescer. 

A exemplo de “Peter Pan” – o menino que não queria crescer.

São homens que agem como adolescentes, mesmo acima de 30 anos de idade. Tem comportamentos que dependem da aprovação dos amigos para tudo, adoram se gabar de suas aventuras amorosas, são irresponsáveis tanto em casa quanto na escola, vivem trocando de faculdade sem concluir nenhuma e continuam a viver financeiramente à custa dos pais.

Esse tipo de jovem não tem flexibilidade para experimentar vários papéis. Acaba se fixando num só, que freqüentemente resvala para o de “machão” estereotipado. 

Como não teve orientação correta do pai em relação ao que é ser um homem, não tem respostas às perguntas: O que é ser homem afinal? É permitido ou não mostrar sensibilidade? Os homens heterossexuais podem mostrar carinho, ternura e preocupação em compartilhar a vida com sua mulher e filhos?

Terminam carregando esse comportamento para o relacionamento conjugal, desorientando a companheira, cercando-a de tensões. Em alguns momentos chegam a declarar aos quatro cantos que “sabe muito bem colocá-la no seu lugar”.

São tipos de “homens” que menosprezam as emoções da companheira e/ou de outras mulheres classificando-as como sentimentos baratos.

O machismo proporciona a eles uma mascará de adulto, e permite que coloquem a culpa dos seus problemas em outras pessoas – as mulheres. Suas companheiras terminam por ter vidas infelizes.

Mas, segundo Dan Kiley, tem solução para os “Peter Pan's”. Quando eles entram em crise, insatisfeitos com a vida que tem, freqüentemente, suas companheiras também começam a reclamar e ameaçam deixá-los. Por amor a elas esses “homens” começam a questionar o seu comportamento. Somente então eles procuram sair da “Terra do Nunca”.