Dialogar com cônjuge ou companheiro(a). Como?
Esta é a pergunta que grande parte das pessoas envolvidas em alguma forma de relacionamento pessoal fazem.
Vivemos atualmente a era da comunicação. Comunicamos utilizando a tecnologia em todas as suas formas de aplicativos moveis e fixos. Uma verdadeira revolução tecnológica que trouxe grandes benefícios a humanidade.
No entanto, mesmo com tantas facilidades para nos comunicar ainda encontramos dificuldades para expressar nossos sentimentos e dúvidas na área dos nossos relacionamentos.
Nas minhas observações e experiências percebi que em alguns relacionamentos inicialmente harmoniosos, com alegria, felicidade e entusiasmo, no decorrer do tempo as pessoas envolvidas vão se distanciando emocionalmente, vão deixando de emitir suas opiniões, vão deixando de comentarem seus sonhos, suas buscas, suas dúvidas, distanciam-se física e mentalmente, e vão deixando de serem companheiras. Vão se calando no corpo e na alma.
Presenciamos casais criticando e reclamando uns dos outros para terceiros – amigos comuns, familiares, colegas de trabalho, desconhecidos - das atitudes, dos comportamentos, das palavras, da postura, considerando-se verdadeiro injustiçado (a) e vítima do destino e/ou do relacionamento conjugal.
Alguns chegam, após anos de relacionamento, na “surdina” e no “segredo do coração e da mente”,a planejar e marcar a data em que o relacionamento terá fim. Sem, no entanto dar a outra parte o direito de saber de seu intento.
Podemos fazer uma pergunta: Para onde foi àquela amizade e admiração um pelo o outro?
Acredito que esse distanciamento tem como umas das causas o nosso Ego. Sim, o “Ego”. O nosso ego não nos permite ouvir os sentimentos, as causas da tristeza no coração do companheiro (a), suas dores, suas carências, e suas opiniões principalmente as relacionadas conosco.
Não aceitamos as conversas e os diálogos que tem a intenção em esclarecer dúvidas, interpretações distorcidas, essas circunstâncias nos levam a imaginar e acreditar que podem ser críticas às nossas carências, fraquezas, limitações e à nossa falta de capacidade de compreensão.
Isso aumenta ainda mais a necessidade do diálogo, e essa possibilidade aterroriza muitos casais, que se fecham entrando num verdadeiro labirinto de solidão, tristeza, angustia e ressentimentos. Convivendo juntos fisicamente, no entanto distantes emocionalmente e mentalmente, e criam para o outro e para si sentimentos de culpa e revolta. Verdadeira solidão acompanhada.
Temos consciência de que trouxemos da infância, da nossa família e da vida muitas dores, decepções, angústias, rejeições, críticas e tristezas e temos medo de que elas sejam tocadas, comentadas ou mesmo insinuadas pelo (a) companheiro (a). Tamanho é o nosso medo, que não nos conscientizamos que também o outro carrega os mesmos sentimentos e medo.
Mesmo tendo a consciência da importância e da necessidade do diálogo o “Ego” e o medo de expor nosso intimo e aceitar nossas falhas que contribuem para um relacionamento defeituoso preferimos-nos “retirar” e nos esconder no casulo do silencio e viver amargurado (a), criticando, lamentando o (a) companheiro (a) e vida.
Se com coragem, humildade e sabedoria nos dispusermos a ouvir, compreender e aceitar as “reclamações”, ansiedades e as tristezas do (a) companheiro (a), sem críticas e com respeito, podemos abrir um caminho para que também nós possamos expor nossos sentimentos. Parece que esquecemos também que temos as mesmas necessidades e precisamos dessa mesma compreensão.
A vida “compartilhada” é um caminho de aprendizado. É uma oportunidade espiritual para que tenhamos resultados evolutivos. Quando nos enrolamos em nosso “EGO” e no MEDO perdemos as oportunidades de aprendizados, deixamos de ser livres – nos prendemos ao passado – deixamos de nos envolver com honestidade conosco e com os outros, criamos barreiras para a compreensão, para o amor. Deixamos para trás uma das oportunidades mais completas para evoluir. Todos perdemos.