PARTE I
"O amor é a lei de Deus. Vivemos para poder aprender a amar. Amamos para aprender a viver. Nenhuma outra lição é exigida do homem"
- Mikhail Naimy -

Essa mãe, na minha percepção, tinha uma energia muito forte em relação
ao grupo, era dominante e liderava a todos. Passados alguns minutos a filha
chegou para se juntar ao grupo.
Quando observou que era motivo de reclamações e criticas vinda da mãe,
Ela ficou tão furiosa e começou uma discussão entre as duas.
A menina gritou em direção à mãe fazendo algumas afirmações como: “você
nem me conhece”, “nunca deu importância para mim”, “não sabe nem quando
menstruei”, “ se não fosse meu pai para cuidar de mim”, “Você só se importa com
quem faz o que você manda e fica puxando seu saco”, “você quer mandar em todo
mundo”, “tenho dó do meu pai por viver com você”, “não to nem ai para você”. E
algumas outras. E saiu muito nervosa.
A mãe começou a justificar ao grupo que sempre trabalhou muito para dar
a filha o melhor e recebia a ingratidão.
Acredito, sinceramente, que na visão daquela a mãe ela está fazendo o
melhor que pode a filha. No entanto, aparentemente, a forma como está
conduzindo o relacionamento entre as duas está levando a filha ao desespero,
distanciamento, a insegurança e ao medo.
Existem pessoas que nascem “com a natureza forte”. Na verdade com uma
energia controladora, dominadora, e “de liderança” sobre outras e as
circunstâncias ao seu redor. Com o poder de controlar tudo a sua volta.
Essas pessoas têm a capacidade e a força de envolver, persuadir,
convencer, controlar e manipular atitudes, comportamentos e decisões na vida de
quem vive a sua volta.
Elas podem ser qualquer pessoa que direta ou indiretamente dependemos
emocionalmente, psicologicamente e/ou financeiramente por relação de parentesco
ou hierarquia como chefes, professores e outros.
Pessoas com essa natureza geralmente são críticas, julgadoras,
cobradoras, manipuladoras, incompreensíveis, preconceituosas. Quando não
atendidas ou incompreendidas em suas ações se sentem vítimas e constantemente
faz papel de juiz na vida dos outros.
E quando essa pessoa está no papel de pai ou mãe? O “Controle” que
elas exercem sobre filhos, filhas e os demais membros da família é bem mais
poderoso. Filhos nesse ambiente crescem e vivem mesmo depois de adultos
inseguros, carentes, submissos, fracos, infelizes e com medo da vida.
Nas palavras do escritor James Van Praagh: “Quando somos crianças,
existe um padrão estabelecido: os filhos devem esforçar-se para conquistar o
amor dos pais, e os pais moldam os filhos para fazer deles o que esperam que
sejam. Para quem vem de famílias muito exigentes ou fechadas, o esforço para
agradar pode ser interminável”.
À medida que as crianças crescem, os desejos dos pais permanecem em seu
subconsciente e tornam-se parte de sua programação. Na idade adulta, sua
auto-estima pode depender da aceitação dos outros, da mesma maneira como
procuravam agradar os pais para conseguir seu amor. O que acontece é que
estes adultos nunca chegam realmente a viver para si mesmos.
Quantas vezes dizemos ou fazemos alguma coisa que não é inteiramente
verdadeira, apenas para sermos apreciados ou para nos sentirmos próximos de outra
pessoa, e logo em seguida nos arrependemos? Tentar agradar as pessoas é o
de menos, pois já fizemos coisas mais sérias por medo da rejeição. Muitos
sacrificam seus sonhos individuais e seus desejos para atender as expectativas
dos outros.
Posso listar aqui intermináveis exemplos de pais e mães que quando os
filhos e filhas eram pequenos e podiam “controlá-los e exigir-los” determinada
conduta ou comportamento e estes obedeciam, os consideravam como excelentes
filhos e filhas.
A partir do momento que esses filhos e filhas foram adquirindo a sua
independência emocional, psicológica e alguns até financeira e começaram a
expressar suas opiniões, gostos, escolhas e preferências demonstrando que parte
do “arcabouço familiar” (Estrutura dos princípios da família) adquiridas e/ou elaboradas pelos
pais não foram totalmente acolhida passaram a serem criticados, julgados e
abandonados emocionalmente por não adotar na sua totalidade esses princípios
como os unicamente os corretos.
Esses filhos são lançados num mundo de emoções desequilibradas,
carências, submissão, mentiras, medo, rejeição e continuam convivendo no meio
do redemoinho de energias ruins, criados por esses pais e/ou mães, por medo da
rejeição, da critica e do julgamento.
Ficam sem coragem e forças de “lutar e enfrentar” a conduta derivada da
“natureza forte” desses pais e/ou mães e terminam seguindo uma vida sem
dignidade, sem determinação, sem realizar seus sonhos, sem lealdade as suas
escolhas e preferências. Sendo homens e mulheres infelizes, carentes, submissos
e sem personalidade. Uma grande pena !